segunda-feira, 27 de setembro de 2010


O Rio de Pereira Passos (part. 2)

Durante a realização do projeto fez-se necessário o desmonte do Morro
de Santo Antônio para a obtenção de terra suficiente para os aterros.
Construir a avenida sobre espaço roubado do mar já estava nos planos
do prefeito, a fim de permitir os alargamentos posteriores, margem
muito útil quando da construção do Aterro do Flamengo. O centro da
cidade foi o local que sofreu as maiores modificações. Para a passagem
da Avenida Mem de Sá, Pereira Passos mandou pôr abaixo todos os
prédios paralelos aos Arcos da Lapa, a fim de permitir a liberação do
tráfego que o prefeito visava construindo a avenida. Foi com mesma
essa finalidade que ocorreu o desmonte do Morro do Senado.
Também precisou ser extinto o Largo de São Domingos, para a abertura
da Avenida Passos, batismo que homenageia o prefeito. As melhorias
atraíram muitos comerciantes, mas não conseguiram extinguir a prática
do baixo meretrício na região da Praça Tiradentes, que perdura até
nossos dias. A antiga Rua da Vala, atual Uruguaiana, precisou ser
bastante alargada e aterrada durante a gestão Pereira Passos. Abrigava
as melhores lojas do início do século, mas meio lado da rua veio
abaixo durante as obras, concluídas em 1906. A área hoje pertence a um
corredor cultural e ainda é possível ver, em muitas fachadas, a
elegância neoclássica dos prédios comerciais.
A mudança mais evidente, e mais famosa no panorama do centro, surgiu
com a abertura do Boulevard Avenida Central, ou Rio Branco, que começa
na Praça Mauá e acaba na ligação com a Avenida Beira Mar. Foi
inaugurada em 1905, mas a maioria dos prédios, quando da inauguração,
possuíam somente as fachadas, que tinham de estar prontas junto com a
avenida. Nela, ergueram-se a Biblioteca Nacional e a escola Nacional
de Belas Artes, atual MNBA. Para a construção da escola o prefeito fez
um corte no Morro do Castelo, a fim de assegurar uma largura de 33
metros para a avenida. Muitos acharam que seria larga em excesso, mas
face aos estressantes engarrafamentos, consideramos hoje a largura da
rua insuficiente. No final da avenida existia o largo da Mãe do Bispo,
que deu lugar ao Teatro Municipal, que só ficou pronto em 1909. 

Texto escrito por Caio.

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